domingo, 21 de julho de 2024

FALANDO DOS CLÁSSICOS - SEXTINA

A sextina é um poema que apresenta um dos sistemas estróficos mais difíceis e raros. Criada por Arnaut Daniel, no século XII, foi usada por alguns dos grandes poetas, como Dante, Petrarca, Camões, etc. No Brasil dela se utilizaram Jorge de Lima, Américo Jacó, Waldemar Lopes, Edmir Domingues, Dirceu Rabelo, Alvacir Raposo, Geraldino Brasil e outros. ESTRUTURA: Compõe-se de seis sextetos e um terceto final, a coda. Utilizando versos decassilábicos, tem as palavras (ou as rimas) finais repetidas em todas as estrofes, num esquema pré-determinado.[3] Assim, as palavras (ou rimas) que aparecem na primeira estrofe, na sequência de versos 1, 2, 3, 4, 5, 6, repetem-se na estrofe seguinte, na sequência 6, 1, 5, 2, 4, 3. E se faz na estrofe seguinte a sequência 6, 1, 5, 2, 4, 3 em relação à estrofe anterior. E assim até a sexta estrofe, finalizando os sextetos. O terceto final, ou coda, tem, em cada verso, no meio e no fim, marcando as sílabas tônicas, as palavras (ou rimas) utilizadas no poema todo, na posição em que se apresentaram na primeira estrofe.[4][5] Ezra Pound, referindo-se à sextina, disse: "A arte de Arnaut Daniel não é literatura. É a arte de combinar palavras e música numa seqüência onde as rimas caem com precisão e os sons se fundem ou se alongam." Ao que Edmir Domingues objetou, dizendo:[1] "Mas é este o objetivo de toda a verdadeira poesia, o perfeito encontro entre a forma e o conteúdo, entre a linguagem e a música". Referências 1. ↑ Ir para:a b DOMINGUES, EDMIR. Universo Fechado ou O Construtor de Catedrais. Recife: Bagaço, 1996. 2. ↑ Prefeitura municipal de Esteio (6 de março de 2020). «Poema em sextina vence o sexto esteio da poesia gaúcha». Consultado em 21 de julho de 2022 3. ↑ Vício da Poesia. «Foge-me pouco a pouco a curta vida». Consultado em 21 de julho de 2022 4. ↑ Michaelis. «Sextina». Consultado em 3 de junho de 2023 5. ↑ Rita Marnoto. «Camões e o ciclo da sextina» (PDF). Lírica camoniana - estudos diversos. Consultado em 3 de junho de 2023 In: https://pt.wikipedia.org/wiki/Sextina, em 24.06.2024 https://viciodapoesia.com/2018/08/20/foge-me-pouco-a-pouco-a-curta-vida-a-sextina-de-camoes/ https://poesiaretro.blogspot.com/2024/06/desafio-poetico-mensal.html https://poesiaretro.blogspot.com/2023/09/a-sextina.html?m=1 https://archive.org/details/sextimesprcd00gram/page/16/mode/1up SEXTINA Epígrafe; "Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico, como saudosa Lembrança estas Memórias póstumas." (Machado de Assis) 1Lembranças póstumas do cadáver frio 2que eu na lápide fria senti o verme, 3mas se vivo à deriva me esquivo 4 da cautela que o carma me previne. 5 Deparo no dever de corrigir 6 o que, por erro, deu no existir. 6 Se corrigir o ato no existir, 1 permite o darma no compasso frio 5 consequências úteis de corrigir 2 e não seja roido pelo verme, 4 pois a cautela terrena previne 3 enquanto encarnado corpo esquivo. 3 Se em nobre pensamento inda esquivo 6 a ponto de viver bem e existir 4 com a temperança que o tempo previne 1 na permissão, temperamento frio. 2 Salvo corpo, salva alma deste verme, 5 regenerado neste corrigir. 5 Verve machadiana! Corrigir? 3 Na pena de Brás Cuba, não me esquivo, 2 sentida epiderme entre o verme. 6 Pelos poros entrou para existir 1 um sentimento que fez quente ou frio 4 na poesia que melhor previne. 4 Poetar brilhantemente previne 5 angústia de Machado a corrigir 1 até a perfeição: delirio e frio, 3 da máxima escrita, corpo esquivo, 6 o belo d'arte n'alma existir 2 da via cardíaca segue até o verme. 2 D'alma boa corpo vai imune ao verme. 4 Verve poética, que a dor, previne 6 na certeza do eterno existir. 5 Rascunhos feitos para corrigir. 3 Eis o poema pronto, não esquivo, 1 seguir grandes vates no verso frio. 2 Eu na lápide fria senti o verme 4 da cautela que o carma me previne 6 o que, por erro, deu no existir. Rogério Marques Sequeira Costa

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